segunda-feira, 27 de julho de 2009

O Soldado e a Princesa

Sabe quando você assiste um filme enquanto criança e fica com uma idéia na cabeça de que é um dos melhores filmes que você já viu até então, passam-se os anos, você o assiste de novo e constata que ele não é nada daquilo que você lembrava??? Cinema Paradiso não é um desses. Conheci essa história quando era menino e anos mais tarde ela continua tendo o mesmo efeito sobre mim. O cineasta Giuseppe Tornatore conseguiu de forma muito feliz, elaborar o luto através da sétima arte. Impossível não sair sensibilizado... entretanto o trecho do filme ao qual vou colar aqui, não trata desta temática exatamente, mas sim de uma histórinha contada por Alfredo à Totó - narração esta que iria inspirar mais tarde o comportamento do jovem para com seu primeiro amor.

-Um dia, um rei deu uma festa. Convidou as princesas mais belas do reino. Um soldado da guarda viu passar a filha do rei. Era a mais bela de todas. Ele se apaixonou, mas o que faria um pobre soldado diante da filha do rei?

Finalmente, um dia, conseguiu encontrá-la, e disse-lhe que não podia mais viver sem ela. Ela ficou tão impressionada por esse forte sentimento que respondeu ao soldado: “Se souber esperar 100 dias e 100 noites sob minha janela, então eu serei sua”.

O soldado foi lá e esperou: 1 dia, 2 dias, 10, 20… todas as noites ela controlava da janela; ele não saía de lá: com chuva, vento ou neve… ele continuava lá. Os pássaros sujavam a sua cabeça, as abelhas o comiam vivo… mas ele não se mexia.

Depois de 90 noites, ele estava todo ressecado e branco. Lágrimas escorriam-lhe dos olhos, e ele não podia segurá-las, pois não tinha mais forças nem para dormir. E a princesa continuava a olhar para ele.

Quando chegou a 99ª noite, o soldado se levantou, pegou a cadeira e foi embora.

Sim, no finalzinho.-disse Alfredo.


Fantástica!!!!

domingo, 19 de julho de 2009

O Flamengo na visão de um tricolor

"Corria o ano de 1911. Vejam vocês: — 1911! O bigode do kaiser estava, então, em plena vigência; Mata-Hari, com um seio só, ateava paixões e suicídios; e as mulheres, aqui e alhures, usa­vam umas ancas imensas e intransportáveis. Aliás, diga-se de pas­sagem: — é impossível não ter uma funda nostalgia dos quadris anteriores à Primeira Grande Guerra. Uma menina de catorze anos para atravessar uma porta tinha que se pôr de perfil. Con­venhamos: — grande época! grande época!

Pois bem. Foi em 1911, tempo dos cabelos compridos e dos espartilhos, das valsas em primeira audição e do busto uni­lateral de Mata-Hari, que nasceu o Flamengo. Em tempo retifi­co: — nasceu a seção terrestre do Flamengo. De fato, o clube de regatas já existia, já começava a tecer a sua camoniana tradi­ção náutica. Em 1911, aconteceu uma briga no Fluminense. Dis­cute daqui, dali, e é possível que tenha havido tapa, nome feio, o diabo. Conclusão: — cindiu-se o Fluminense e a dissidência, ainda esbravejante, ainda ululante, foi fundar, no Flamengo de regatas, o Flamengo de futebol.

Naquele tempo tudo era diferente. Por exemplo: — a tor­cida tinha uma ênfase, uma grandiloqüência de ópera. E acon­tecia esta coisa sublime: — quando havia um gol, as mulheres rolavam em ataques. Eis o que empobrece liricamente o fute­bol atual: — a inexistência do histerismo feminino. Difícil, muito difícil, achar-se uma torcedora histérica. Por sua vez, os homens torciam como espanhóis de anedota. E os jogadores? Ah, os jogadores! A bola tinha uma importância relativa ou nula. Quantas vezes o craque esquecia a pelota e saía em frente, ceifando, dizimando, assassinando canelas, rins, tórax e baços adversá­rios? Hoje, o homem está muito desvirilizado e já não aceita a ferocidade dos velhos tempos. Mas raciocinemos: — em 1911, ninguém bebia um copo d’água sem paixão.

Passou-se. E o Flamengo joga, hoje, com a mesma alma de 1911. Admite, é claro, as convenções disciplinares que o fute­bol moderno exige. Mas o comportamento interior, a gana, a garra, o élan são perfeitamente inatuais. Essa fixação no tempo explica a tremenda força rubro-negra. Note-se: — não se trata de um fenômeno apenas do jogador. Mas do torcedor também. Aliás, time e torcida completam-se numa integração definitiva. O adepto de qualquer outro clube recebe um gol, uma derrota, com uma tristeza maior ou menor, que não afeta as raízes do ser. O torcedor rubro-negro, não. Se entra um gol adversário, ele se crispa, ele arqueja, ele vidra os olhos, ele agoniza, ele san­gra como um césar apunhalado.

Também é de 1911, da mentalidade anterior à Primeira Gran­de Guerra, o amor às cores do clube. Para qualquer um, a cami­sa vale tanto quanto uma gravata. Não para o Flamengo. Para o Flamengo, a camisa é tudo. Já tem acontecido várias vezes o seguinte: — quando o time não dá nada, a camisa é içada, des­fraldada, por invisíveis mãos. Adversários, juizes, bandeirinhas tremem então, intimidados, acovardados, batidos. Há de che­gar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no ar­co. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável."

Nelson Rodrigues ( Retirado de "À sombra das chuteiras imortais")

sábado, 18 de julho de 2009


Mto mto especial....

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A carapuça serviu?


“...assim como Lee Harvey Oswald não podia afirmar que matar presidentes não era uma característica sua. Às vezes, nós temos de ser julgados pelas coisas que só fazemos uma vez.”
(Retirado de "Como ser legal" de Nick Hornby)

ps. Não é um livro de auto-ajuda, apesar do título! rsrs

segunda-feira, 13 de julho de 2009

domingo, 12 de julho de 2009

A Moral dos Escravos

Se os oprimidos, pisoteados, ultrajados exortam uns aos outros, dizendo, com a vingativa astúcia da impotência: "sejamos outra coisa que não os maus, sejamos bons! E bom é todo aquele que não ultraja, que a ninguém fere, que não ataca, que não acerta contas, que remete a Deus a vingança, que se mantém na sombra como nós, que foge de toda maldade e exige pouco da vida, como nós, os pacientes, humildes, justos"
Friedrich Nietzsche (em Genealogia da Moral)

sábado, 11 de julho de 2009

Getúlio não morreu!



Tirei essa foto em Friburgo. É da estátua de Getúlio Vargas, na praça Getúlio Vargas, onde acredito que deveriam saber tudo de Getúlio Vargas! Que história é essa de desaparecimento?!? Um amigo explicou este disparate alegando que talvez tenham tentado de uma maneira muito infeliz omitir a palavra suicídio, a fim de deixar a placa com ar mais poético. Quanta babaquice!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Seja prático!


Certa vez quando era criança um amigo se queixou de uma dor no braço que há dias não passava. Tentando solucionar seu problema eu disse: “Sente no chão, pegue um martelo e dê uma pancada certeira no seu saco! A dor será tão grande, que você nunca mais vai reclamar do que está te afligindo agora!”

Naquela época eu não fazia a mínima idéia que isso tinha realmente um embasamento científico: a atenção seletiva, uma das várias coisinhas pela qual é responsável a formação reticular do tronco encefálico. Porém comecei a perceber que a vida pode ser muito simples se encarada de forma prática. Não disse fácil... Mas simples é!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Coitado do homem que cai
No canto de Ossanha
Traidor!
Coitado do homem que vai
Atrás de mandinga de amor...


Tempos Hi-Tech

Tecnologia é uma farsa. Um gato por lebre que compramos na esperança de termos nossos problemas resolvidos e podermos nos dedicar mais a ficar à toa e ser feliz. Como fomos tolos! Se no plano econômico ela só aumenta a competitividade obrigando-nos a sermos cada vez mais especialistas, no pessoal nos frustra dia após dia pela constante sensação de estarmos desatualizados. E acelerou tanto as coisas, e otimizou tanto os processos, que temos uma sensação de perda de tempo a cada momento em que estamos “desplugados”. Passamos de senhores a escravos. Deve ser por isso essa moda retro tem tomado conta das novas gerações, um grito inconsciente de protesto à inveja que sentimos ao assistir um filme dos anos 60 e ver que nada do que temos fazia falta para as pessoas daquela época. Tudo bem que o passado sempre é vendido por mais que vale, mas aquisições de gadgets como hobby!? Francamente...

Mas como nem tudo é totalmente ruim, é claro que esse mundo digital nos facilita muita coisa. Essa comunicação que estamos tendo agora por exemplo! Os relacionamentos oriundos da internet, tão criticados por alguns puristas, eu acho que podem ter muita validade. Se enxergarmos a net como uma ferramenta e não como um meio de vida social, podemos perceber que fazer um amigo na internet não significa necessariamente ser alguém carente incapaz de se relacionar com pessoas, e sim expandir seus horizontes para conhecer gente que você jamais conheceria numa mesa de bar. Isso não pode ser visto como uma coisa ruim!!

Eu tenho uma amiga assim! Conheci-a numa sala de bate-papo e um tempo depois conheci uma amiga dela, que me convidou para sua formatura de colegial. Lá apresentamos-nos todos ao vivo, e, como éramos muito novos, claro que foi aquela coisa constrangedora, mas enfim! Mais de dez anos depois ainda conversamos rotineiramente, algumas épocas mais, outras menos, porém com mais constância do que muitas amizades sinceras e verdadeiras feitas à moda antiga que um tempo depois desaparecem de nosso mundo. Isso de alguma forma faz dessa menina alguém com um papel importante na minha vida, o que fez ela se sentir no direito de pedir que eu escrevesse esse texto em sua homenagem e postasse sua foto aqui. Tudo bem, também vou aparecer no fotolog dela depois dessa! rsrsrs
(a propósito, é a menina da foto, sei que é evidente, mas para algumas pessoas o óbvio sempre tem que ser dito! rs)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

La Ruina Del Hombre


Imagem retirada do encarte do álbum "Rey Azúcar" de Los Fabulosos Cadillacs. Banda de Ska latino que influenciou o fim de minha adolescência... Além disso essa imagem marca um momento: Queria por que queria uma tatuagem dessa na perna. Fiz a besteira de contar à um amigo, que traiçoeiramente fez antes de mim. Ainda bem! Que sujeira, já pensou!?

Não, não sou alguém razoável.

Veja você leitor, que eu não fujo aos clichês de uma transcrição de autores. A primeira ideia para o nome deste blog, foi inflenciado por Werther, de Von Goethe (não pelo conteúdo da obra em sí... simplismente sonoridade da composição). Pra minha primeira postagem então, queria citar um trecho deste trabalho:

- Um Jovem dá seu coração a uma mulher, passa junto dela todas as horas do dia, prodigaliza tôdas as suas faculdades e tudo quanto tem para lhe testemunhar que se consagra a ela inteiramente. Aparece um pedante, um homem de bom senso, e diz ao môço: "Meu caro senhor, amar é próprio do homem, mas é preciso amar como pessoa razoável. Reparti vosso tempo, consagrando uma parte ao trabalho e outra, as vossas horas vagas sòmente, à mulher amada. Dai um balanço em vossa fortuna: retirando daquilo que sobrar, não vos proíbo que lhe façais presentes, mas não muitos: por exemplo, quando ela realiza suas festas, por ocasião do seu aniversário, etc.".
Se o nosso jovem mostrar-se obediente, tornar-se-á um sujeito recomendável e emprenhar-me-ei junto de um príncipe a confiar-lhe qualquer emprêgo público; mas não se procede dêsse modo com amor... -